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O Fórum Entrevista: Dr. Paulo César Marques da Silva



Confira a entrevista do Dr. Paulo César Marques da Silva, professor de pós-graduação do Programa de Transportes da Unb, na área de Engenharia de Tráfego, sobre Cidades Calmas na Mobilidade Urbana, que ministrou palestra no evento deste Fórum em conjunto com o Programa de Pós Graduação Projeto e Cidade da UFG em 06/06/2016.

Paulo César (PC) - Cidades Calmas significa que cidades não precisam de velocidade. A gente pensa que tem velocidade nas cidades, mas não tem. Quando diminui o limite de velocidade nos veículos, ninguém perde tempo significativo e aumenta muito a segurança das pessoas dentro e fora dos veículos, além de aumentar a qualidade de vida de todos.

     Avenida Goiás 


PC- A concepção das pessoas é de que todos precisam correr. Quando a gente entra no veiculo achamos que todos precisam correr muito. Fora do veículo a gente admite ficar dez a 30 segundos esperando o sinal abrir e acha que não faz mal. Dentro do veículo qualquer segundo é uma eternidade. Acha que reduzir o limite de velocidade de 60 para 50 é algo absurdo, e não é assim. Na verdade, isso significa muito pouco no nosso tempo de deslocamento. Isso é um mito que a gente cria, de achar que precisa correr dentro do carro. Além de tudo, a velocidade não é algo universalizado. Se a gente vai dar velocidade para algumas categorias de motoristas, por exemplo, significa que estamos impedindo uma parcela muito maior de pessoas de circular, para garantir que aquela pequena parcela tenha velocidade. Então também existe uma dimensão de exclusão social quando só pensa na velocidade.

    Pedestre atravessando av. Anhanguera, inserida na zona 40 do centro de Goiânia

PC- Procuro mais colocar uma pulguinha atrás da orelha das pessoas para pensar um pouco sobre isso. Quando pensamos nos projetos urbanísticos e no sistema viário, a velocidade não precisa fazer esse papel que a gente acha que tem que fazer, como se tudo precisasse ser em função da velocidade. Coisas como acessibilidade e direito de circulação das pessoas são muito mais importantes que a velocidade naquele trecho e naquele percurso para aquela categoria de veículos. É mais interessante pensarmos na distribuição do direito à circulação do que na provisão de velocidade em determinado segmento.



     Palestra sobre Cidades Calmas, no auditório da FAV, em 06/06

PC- Acho interessante a gente pensar no tanto que somos movidos pela ideia da velocidade como um bem do qual não podemos abrir mão. Somos bombardeados por isso de diversas formas. A maneira como se vende carro é assim, não tem nenhuma montadora que faça propaganda de veículos que não seja cultuando a velocidade. Então a gente acaba sendo impregnado por isso, e acha que a solução para nossas cidades seja isso mesmo, dar mais velocidade para todo mundo. Mas isso não é a solução, isso mata a cidade.

    Velocidade no centro de Goiânia foi reduzida a 40km/h desde 26/02




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