A MOBILIDADE URBANA E O EXEMPLO DE BARCELONA
ERIKA CRISTINE KNEIB
Sempre que se fala em planejamento urbano,
mobilidade urbana e qualidade de vida, algumas cidades europeias têm um grande
destaque. Mesmo com milênios de idade, tais cidades conseguiram evoluir muito. Dentro
de vários exemplos de cidades europeias com boa qualidade de vida, destaca-se
aqui o exemplo de Barcelona, cidade espanhola, objetivando-se destacar algumas
práticas que podem ser adotadas em cidades brasileiras. Os dados que seguem são
baseados em um estudo da Universidade Politécnica da Catalunha.
A Região Metropolitana de Barcelona - RMB, é
composta por 5 milhões de habitantes. Apenas a cidade de Barcelona abrange 1,6 milhões.
Na RMB, cerca de 50% da população se desloca a pé
ou por bicicleta; 30% por transporte coletivo e 20% por veículos motorizados
individuais.
No aspecto Gestão,
existe uma Autoridade Metropolitana, com o objetivo de responder a uma
necessidade social crescente de melhoria do transporte público e redução dos
congestionamentos, a partir de uma ótica institucional coordenada e integrada, que
gerencia os planos e sistemas de transporte e mobilidade. Na RMB existe o Plano
Diretor de Mobilidade e um Plano Diretor de Infraestrutura associado, que deve
colocar em prática as diretrizes planejadas.
No item Transporte
Coletivo, cerca de 44% dos usuários o consideram mais rápido, mais barato
ou mais cômodo do que utilizar o carro. A demanda do sistema, com seus diversos
modos e tecnologias, vem subindo desde 2009, e sua tarifa é subsidiada em 60%.
Ou seja, em Barcelona, o usuário do serviço paga uma tarifa equivalente a
apenas 40% do custo do serviço. É uma maneira de viabilizar qualidade e uma
tarifa acessível ao usuário.
No quesito Utilização
do Automóvel, seu uso é controlado a partir de medidas de cobrança por seu
uso e estacionamento (cujos recursos angariados são revertidos para a melhoria
da infraestrutura do transporte coletivo e não motorizado).
No item Bicicletas,
a cidade é dotada de toda uma infraestrutura que privilegia e valoriza seu uso.
Para se ter uma ideia, estudo mostram que numa escala de 0 a 10, a segurança do
modo bicicleta obteve nota maior do que a segurança associada a deslocar-se de
carro. Ainda existem as bicicletas públicas para aluguel, o sistema denominado Bicing.
Sobre os Pedestres,
talvez este seja o diferencial de Barcelona sobre algumas outras cidades
europeias: Barcelona é pensada para o
pedestre! E isso é realmente observado nas ruas da cidade, como política
efetiva de qualificação e requalificação urbana de espaços antigos ou
contemporâneos. E, na escala anteriormente citada, a segurança em se andar a pé
obteve nota 8,2; enquanto andar de carro obteve a nota 7,5.
O quesito Planejamento
da Cidade corrobora o relato anterior, de cidades para pedestres, ou para
pessoas: os espaços são pensados para as pessoas caminharem , viverem,
contemplarem e se deslocarem, gerando uma diversidade de formas, cores e
elementos, planejados desde a escala “micro”.
Tais relatos e reflexões corroboram que o planejamento
urbano, a mobilidade, a gestão urbana e a própria vivência da cidade são
processos que devem ser pensados articulados, de forma dinâmica. Em suma, o
exemplo de Barcelona foi aqui descrito não para ser copiado ou adotado na
íntegra (afinal, em Barcelona também existem problemas) e sim para provocar uma
reflexão, afirmando-se que existem maneiras de melhorar a mobilidade e a
qualidade de vida nas cidades brasileiras. Precisamos é iniciar o processo.
Autor:
Erika Cristine Kneib é Arquiteta e Urbanista, Doutora em
Transportes, Professora, Pesquisadora da UFG e Coordenadora do Projeto de
Extensão Fórum de Mobilidade Urbana.
Link para baixar em PDF: Boletim Opinião 001
Boletim Opinião nº001 - A MOBILIDADE URBANA E O EXEMPLO DE BARCELONA, ERIKA CRISTINE KNEIB
Reviewed by Título Projeto: Fórum de Mobilidade Urbana: Participação, Contribuição e Socialização de conhecimento técnico e científico.
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