Boletim nº005 - Transportes e o Uso do Solo, a interação entre os sistemas de transporte e as atividades urbanas

TRANSPORTES E O USO DO SOLO

A INTERAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE TRANSPORTES E AS ATIVIDADES URBANAS

Dentre os diversos sistemas e elementos que compõem as redes urbanas, com relação à mobilidade, dois merecem um grande destaque, devido à inegável relação que possuem: o transporte e o uso do solo, seja na escala urbana, seja na metropolitana. 

É cada vez mais evidente a questão problemática da expansão das cidades e de regiões metropolitanas em todo o mundo. A concentração cada vez maior de habitantes em subúrbios, nos limites dos municípios, e o intenso fluxo de veículos particulares em direção a regiões centrais (áreas de serviços e institucionais) são um dos principais responsáveis pela questão dos grandes congestionamentos das cidades grandes. Somada a isso está a falta de espaço para a implantação da estrutura do sistema de transporte público, hoje dominada pelo automóvel.

Todo esse problema é diretamente influenciado pela relação entre os transportes e o uso do solo. Devido à separação espacial das atividades humanas ou até a setorização (regiões com certa predominância de habitação ou serviços ou instituições), surge a necessidade da mobilidade de pessoas e mercadorias.

“É reconhecido que as decisões de viagem e de localização são determinadas uma pela outra e que, por isso, o planejamento de transportes e o uso do solo precisam de ser coordenados com a noção complementar da existência de um 'ciclo de resposta entre transportes e uso do solo.” (Comissão Europeia, 2003)

Em forma cíclica, a distribuição dos usos do solo (residencial, industrial ou comercial) determina as atividades humanas (habitar, trabalhar, comprar, educar, lazer e etc.), o que requer interações espaciais, através de um sistema de transporte que possibilite a acessibilidade perante os diversos usos. Assim, as futuras decisões de localização serão determinadas de acordo com a acessibilidade, o que resulta em uma possível mudança na configuração do uso do solo. (Ver Figura 1)

Somente com o planejamento urbano e de transportes, de forma integrada, é possível solucionar o problema da acessibilidade afetada pelos grandes congestionamentos, criando ligações mais eficientes e seguras entre áreas suburbanas e centrais, que respeitem o meio ambiente e contribuam para a situação socioeconômica das regiões metropolitanas.

O material da Comissão Europeia (2003) destaca algumas Medidas para garantir a interação entre os sistemas de transportes e o planejamento do uso do solo: 

Mudança na gestão administrativa – Os variados sistemas de gestão e planejamento urbano são separados em secretarias ou departamentos, os quais não possuem ligação, resultando em problemas de integração e de continuidade. O ideal seria gestores abertos a trabalharem em conjunto a fim de desenvolverem planos integrados.

Mudança no uso da tecnologia – É evidente que a tecnologia vem para aperfeiçoar o campo de transportes. Porém o seu uso deve ser feito em uma escala menor – sistemas e informações que possam administrar os transportes e suprir a oferta, e não para construir grandes estruturas rodoviárias que possam ser inimigas do meio ambiente.

Mudança da conformação das redes – A lógica da expansão urbana, totalmente ultrapassada era, até então, “suprida” pela extensão das linhas de transporte público. Esta deve ser substituída pela lógica da cidade compacta, com base em uma análise prévia da oferta e demanda de transporte público e sua integração, para que, assim, possa ser ofertado um tipo de infraestrutura eficiente e compatível com a demanda, a exemplo de corredores preferenciais e exclusivos.

Referências: Comissão Europeia (2003) Transportes e uso do solo. Portal – material pedagógico sobre transportes. Disponível em www.eu-portal.net. Acesso em março de 2015.

Link para baixar em PDF: Boletim 005